sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Curso de escrita criativa


mais um texto do curso de escrita do marcelo!
e essa é uma foto da turma com o marcelo no centro! o curso foi às quartas à noite e enfrentou todas as manifestações climáticas, como chuvaaaaaaa e frioooooo.
mas a coisa era tão bacana que o astral esquentou e secou todo mundo.
Marta K

“Ploc” – por Felipe Silva
Camila começou com bubbaloo, aos cinco. Depois veio chiclets, pirulitos
mastigáveis e daí em diante toda goma de mascar que ela encontrava,
experimentava. Fosse azeda, doce ou sem açúcar – seu prazer era mascar de boca
aberta, pois adorava o barulho. Deliciava-se quando fazia as bolas estourarem
num escandaloso “ploc!”. Era loira, e como se tivesse nascido para alimentar o
estereótipo, não era muito inteligente também. Por causa do seu hábito
barulhento, colecionou inúmeros pedidos de silêncio dos irritados colegas de
sala durante todo o colégio.
– Tomara que você tenha cárie em todos os
dentes, sua loira burra – alguém lhe xingou na segunda série. Camila ria!

Um dia você ainda vai morrer engasgada com esse maldito chiclete! – profetizou
uma menina, no colegial.
Foi no último ano que mascar tornou-se um vício.
Enquanto muitos alunos iam fumar no pátio, Camila liberava sua tensão com
chiclete. No dia do vestibular, muniu-se de todas as gomas de mascar que
gostava. Como estava nervosa, uma vez que aquele ambiente de escola pública a
enojava, mascou tudo cedo demais. Ainda faltava uma hora para o término da prova
e seus nervos à flor da pele a descontrolaram. Em um espasmo, sentiu algo
grudado debaixo do apoio da carteira. Era um chiclete velho – sabe-se lá há
quantos meses estava ali. Não hesitou; o vício falava mais alto. Precisava
mascar.
E foi assim, com uma goma de três anos atrás, que Camila cumpriu o
que lhe profetizaram: nervosa demais, se engasgou com o chiclete e morreu, sem
nunca ter tido uma cárie.



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